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Meridional. Revista Chilena de Estudios Latinoamericanos tem o prazer de convidá-lo a participar do dossiê "Vigência do marxismo latino-americano: pensando com, a partir e além da obra de Michael Löwy" correspondente ao número 21, que será publicado em outubro de 2023.

Chamada para publicaçao Meridional 25: "Textualizar a experiência. Aspectos semânticos, pragmáticos e ideológicos do arquivo colonial na ficção e na teoria latino-americanas”

2024-07-02

A Meridional. Revista Chilena de Estudios Latinoamericanos tem o prazer de convidá-lo a participar do dossiê “Textualizar a experiência. Aspectos semânticos, pragmáticos e ideológicos do arquivo colonial na ficção e na teoria latino-americanas” correspondente ao número 25, que será publicado em outubro de 2025.

Todo arquivo começa sempre “com o gesto de pôr de lado, de reunir (...), desnaturalizando as coisas para transformá-las em peças que preenchem lacunas num conjunto estabelecido 'a priori'” (de Certeau 2006: 85-86). Estas “lacunas de um conjunto” foram, ao longo do século XIX até hoje, o monotema dos escritores latino-americanos em relação à construção de um mito para cada uma das identidades nacionais (González Echeverría 2006).

Mas o gesto do arquivamento americano, a sua verdadeira “primeira domiciliação” (Derrida 1997), começou com a mesma textualização da experiência. É o que aponta Bartolomé de las Casas ao narrar que Colombo, em sua primeira viagem, jogou ao mar uma caixinha com seus escritos e documentos de primeira mão, na esperança de que, caso o navio afundasse, seu testemunho sobrevivesse. através da escrita. Assim como esta caixinha contém material escrito supostamente fictício, o mesmo texto de Bartolomé de las Casas também contém na sua retextualização do “diário” o desejo de reconstituir – e arquivar através de outro texto – um autêntico documento perdido. O “texto” e, sobretudo, o “autógrafo” ou o documento de primeira mão, torna-se, na esfera textual da época colonial (séculos XVI, XVII), uma categoria frágil, cujo resgate é um verdadeiro desafio (estilístico, pragmático, ideológico).

As práticas relacionadas a esse material documental (os atos de manusear, arquivar, copiar, ler ou destruir essas 'caixinhas' e, com elas, seu acesso privilegiado a uma 'verdade' documental ou experimental), aparecem nas literaturas desde o primeiro contato colonial com reescritas ficcionais ou teóricas contemporâneas, um desejo de controlar textualmente e ressemantizar um arquivo frágil e moldável. Essa ressemantização das práticas também está ligada a questões de subjetividade ou autoria, bem como à pragmática textual (circulação, impressão, recepção).

O arquivo colonial revisitado (Añón/Colombi 2021), o arquivo colonial como texto permeável (Ortiz Gambetta 2018; Béreiziat-Lang/Ortiz 2020) e a literatura em estatuto de arquivo (Ruiz 2018) retoma, desta forma, as diferentes perspectivas de a tradição discursiva da colônia americana (Adorno 1992, 1995), bem como as diferentes abordagens do arquivo (Foucault 2000, Derrida 2000, Didi-Huberman 2021) e seu desenvolvimento teórico e interdisciplinar na produção local (Caimari 2017, Goldchuk/Pené 2003 ; González 2005; Chicote 2021, e.o.).

Este dossiê convoca trabalhos que abordem os rumos, usos e funções deste arquivo colonial como material gerador de representações, ideias e discursos latino-americanos (e globais), ainda em vigor. Em relação aos eixos desta convocatória, propomos os seguintes:

  • A textualização (composição, arquivo e ressemantização) dos textos coloniais.
  • O colonial como veículo de experiência, em diferentes produções ficcionais e teóricas.
  • Sobrevivência discursiva e simbólica do arquivo colonial nas representações e discursos contemporâneos.
  • Aspectos semânticos, pragmáticos e ideológicos do arquivo colonial.
  • Abordagem às representações coloniais de diferentes disciplinas: literatura latino-americana contemporânea, semântica histórica, história da publicação, cultura material, filologia, etnologia e antropologia, entre outras.
  • Abordagem à investigação pragmática de textos literários e históricos.
  • A transmissão da experiência: do testemunho à autoficção.
  • A viragem arquivística nas ciências humanas e sociais: dos arcontes coloniais à era digital.

 

Bibliografia

Adorno, R. (1995). “Textos imborrables: Posiciones simultaneas y sucesivas del sujeto colonial”. Revista de Crítica Literaria Latinoamericana 21. 41, pp. 33-49.

Adorno, R. (1992). “The discursive encounter of Spain and America: The Authority of Eyewitness Testimony in the Writing of History”. The William and Mary Quarterly 49. 2, pp. 210-228.

Béreiziat-Lang, S./Ortiz Gambetta, E. (2020). “El género épico entre Europa y América: poéticas, ideologías y prácticas culturales”. RILCE 36. I, pp.7-21.

Caimari, L. (2017). La vida en el archivo. Buenos Aires: Siglo XXI.

Chicote, G. (2021). “El archivo entre la materialidad de los objetos y la transformación digital en América Latina”. Revista de Crítica Literaria Latinoamericana 47 (93).

Certeau, M. de (2006). La escritura de la historia. México: Universidad Iberoamericana.

Colombi, B. y Añón, V. (2021). “El Archivo Colonial revisitado. Presentación”. Orbis Tertius 26 (34), e213. https://doi.org/10.24215/18517811e213

Derrida, J. (1997). Mal de archivo. Una impresión freudiana, Madrid: Trotta.

Didi-Huberman, G. (2021). “El archivo arde”. Trad. de J. Ennis. En: Ennis, Juan y Graciela Goldchluk (eds.): Las lenguas del archivo, La Plata, FAHCE-UNLP, Colección Colectivo Crítico, pp. 15-38.

Foucault, M. (2000 [1969]). Arqueología del saber. Aurelio Garzón (trad.), México: Siglo XXI Editores.

Goldchluk, G. y Pené, M. (comps.) (2003). Palabras de archivo. Santa Fe: Ediciones UNL y CRLA Archivos.

González, H. (2005). “El archivo como teoría de la cultura”, Revista La Biblioteca, 1, pp. 52-67.

González Echeverría, R. (2006). Myth and archive. A theory of Latin American narrative Cambridge: Cambridge University Press.

Ortiz Gambetta, E. (2018). “Textos permeables: archivo colonial, prensa y literatura en el Río de la Plata”, Universum 2018 (Chile), 33. 1, p. 211-239.

Ruiz, F. (2018). “Literatura en estado de archivo”, Chuy 5, 23-44.

 

Meridional está incluído nos seguintes índices e bancos de dados: ERIH-Plus, Catálogo Latindex, DOAJ, Dialnet, Gale-Cengage, Prisma.

O prazo final para recebimento de manuscritos é 30 de março de 2025.

Consultas e contato: revistameridional@gmail.com

Coordenadores de dossiês:

Dra. Stephanie Béreiziat-Lang (Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg, Alemania)

Dra. Eugenia Ortiz Gambetta (IdHICS, UNLP- CONICET)